no 27 de abril elásticos invisíveis que prendem o quintal ao cafezal


Claro que ninguém conseguiu prender a lagrimita que saltava do peito, mais do que dos olhos. Esses,  bebiam sôfregos a beleza do momento onde eras rainha, enquanto escutávamos os cânticos de todo o cerimonial que te comprometia diante de todos os que quiseste juntar para testemunhar o teu ato solene que marcava a tua nova etapa. 
O sol quase se encolhia diante do calor que vocês irradiavam e nos aquecia. 
Toda a beleza envolvente cuidadosamente escolhida, abraçava-nos apesar do vento que diante dos deuses dos elementos teimou também assistir e não quis perder o momento. 
Ficamos então presos à belíssima história dos elásticos invisíveis de que o tio fez memória e  também ao que se fez sentir no emocionante sentido fraterno da história que se seguiu e que nos trouxe a partilha de novos laços do teu par, que passaram a ser também memória.
Senti então a firmeza que me falava a história quando abri o portão de onde irradiava já o cheiro da memória. 
No pequeno campo de prata que tinhas emoldurado para cada um, estendia-se um pequeno hectare do cafezal que preservaste e que fizeste questão de passar, falando assim ao coração, mesmo àqueles que ainda não tinham podido fazer parte desta história que tornaste de todos. 
Foi aí que os elásticos invisíveis me falaram que a força que tinham vinha de ti.
Já só restávamos meia dúzia para um brinde que coube numa só mesa, ao vosso brilho feito nosso, quando o mais velho do teu par falou com propriedade, enquanto os olhos meigos da esposa o abraçavam na cumplicidade, que o que mais gostara, foi ver família, mesmo família.
A nós aquecia o coração, de ver passado o testemunho.