Foi tudo decidido desde o concílio
quando escutadas todas as vozes
mesmo dos que se diziam de sete céus
e considerados de cousas menores.
Assim se afirmaram vontades
o pai Júpiter assim decidiu,
no Olimpo se decidia “sobre as cousas futuras”
com Vénus e Marte a apelar pela bênção,
contando com a ajuda de Mercúrio para desviar Baco de outras intenções.
E desta feita levaste a diante a empresa ao encontro de Féti, o primeiro de Suku.
o que caiu do céu que seguiu para o Cunene para caçar
onde emergiu das águas a perfeita Tchoya para o completar.
O Princípio que da Perfeição se enamorou
e com ela fundou a primeira família que pela luz do sol foi alumiada.
Que trouxeram ao mundo Ngalangui e Viyé os pais dos povos,
os que unem o norte ao sul e haviam de chamar a si as populações
e viriam a ser o tronco de uma grande família.

Depois, depois vieram os mandos e desmandos,
subtraídas vitórias em somas de derrotas
os sonhos...
lembranças de(os) feitos e desfeitos
dos abraços fraternos de guerra
os choros da terra clamando sossego.
Assim chegaste no meu amargo de espera
tardando vinhas com os despojos, vestes em fiapos
Assim te descobri de alma lavada
com olhos de luz cravados com gosto no teu espelho de todos os dias
carregado de cheiros e novos retábulos de sábio alquimista
quimbanda, soba, guerreiro, amante
à espera de um novo amanhã com cheiro quente do sul

pedaços de novas memórias com cheiro quente do sul

pedaço de tempo feito uma vida
com cheiro quente do sul
encontro nunca marcado
apenas destinado pelo feitiço da terra
provados sabores, inalados odores
encarnamos as feras e os elementos
e ardemos em infernos de gozo e prazer
fundidos no doce quente com cheiro do sul

estamos juntos

no último almoço o mano mais velho já com estatuto
de quem marca silêncio com palavras sérias de saber
lembrou que o mais importante era o pretexto de estarmos juntos
sobretudo para não deixar dispersar a família
a mãe estava lá a lembrar o esforço
a mãe estava lá para dizer que não podemos desperdiçar
o trabalho de sapador que tanto lhe custou travar
quando galgou mesmo o oceano encurtando a distância
para nos deixar como deve ser o caminho para sul

é verdade, esta fez sucesso... ouçam lá

A final e memórias

Enquanto iam desfilando as fitas cor de festa que riscavam o ar do ecran num cair de tarde já feito noite nos trópicos e gentes de todas as partes extasiavam ante um encerramento digno de grandes, eu pensava numa antevisão deste quadro.
foi aqui que este can coube nos pedaços de memória.
Nos verdes anos, mesmo quando muitos dos que agora se ajeitam no conforto do banco centro direita, rasgavam ainda os caminhos da jovem e contestatária esquerda que na altura só encontrava porto seguro lá para os lados duma revolução que tinha acontecido em outubro, devorávamos escritas diferentes e aprendiamos o futuro numa quase bulimia vinda de anos de fome de liberdade.
Era na altura que aprendiamos vidas diferentes de lugares que eram os icones ventos de mudança e que coloriam os mais valiosos dos nossos ideais dum futuro desdesigual. foi aqui que vi esta antevisão.
Um pequeno artigo ganhava um concurso que promovia a inovação, originalidade e outros muitos eteceteras de um jovem português que ganhou merecidamente.
Sim, sonhou grande, na medida em que desejou e visionou para a jovem nação um estádio olímpico.
Era no estádio Agostinho Neto, disto lembro-me perfeitamente, que se iriam disputar os jogos olímpicos de... acho que 2000. Era o que ele perspectivava para a viragem do século ainda lá muito longe. E pintava o cenário do estádio olímpico que baptizou com o nome do líder histórico, com tons de esperança, batuques de festa e sentidos de vitórias e emoções.
Numa altura de mais de meio de setenta e em que por aqui ainda se saboreava a festa com cheiros de cravos rubros que Chico Buarque cantava do outro lado do mar, lá no espaço de sonho deste jovem vivia-se de novo um espaço vestido de escuro e triste que não deixava sequer vislumbrar uma luz, por mais ténue que fosse, ao fundo dos corredores de dor.
Mas foi aqui que ele pintou a sua utopia que me fez guardar o artigo da revista religiosamente durante um bom par de anos e lhe valeu um primeiro lugar no concurso.
O prémio era uma viagem dizia o concurso então promovido pela revista e que o levaria até ao coração das estepes. O meu foi a forte esperança de acreditar.