vou sentar-me à tua espera sem esperar

vou sentar-me à tua espera,
enquanto saboreio a madrugada
e caminho docemente embriagada
pelo sossego macio e lento dos sons do meu silêncio.

vou sentar-me à tua espera,
e deixar que os fios de brisa de liras de prata brilhante
deslizem cadentes e ondulantes numa dança inebriante
e penteiem os meus cabelos num sussurro acariciador,
quase em murmúrio, qual Alceu à pura Safo,
de violetas coroada e de suave sorriso, em odes ao amor.

vou sentar-me à tua espera sem esperar

enquanto a noite quente me acaricia o corpo
numa toada de cores e andamentos
num sofrer de gozo dos momentos
mistos de veludos de luar

vou sentar-me à tua espera
por de não ter que te esperar
vou sentar-me à tua espera
certa que não precisas de chegar

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