o cafezal

Ainda dormente do peso de dor mansa de ti mãe
Recebi o recado em forma de verde com pinceladas de rubro
Um manto doce em que se adivinha o quente negro de terreiro
a inalar um forte odor de doces memórias.
Assim nasceu o espaço.
Trouxe-me o filho embrulhado em registo quase sacro reflectido no brilho dos olhos quando se me acercou para perguntar:
- Mãe já foi ao cafezal?
Caminhei em direcção ao espaço com a pressa da medida da sua ansiedade
e assim o encontrei já verde e com pinceladas de rubro, pois já tinhas semeado
memórias de fruto.
Dei por mim a preenche-lo no campo, no terreiro, torrefacção, moagem, até ao quente das mãos da caneca bem segura a fazer transpirar o ar, ébrio de cheiro.
Muitos nossos farão parte.
Assim cresça e não se perca o espaço e a memória.

Sem comentários: