A final e memórias

Enquanto iam desfilando as fitas cor de festa que riscavam o ar do ecran num cair de tarde já feito noite nos trópicos e gentes de todas as partes extasiavam ante um encerramento digno de grandes, eu pensava numa antevisão deste quadro.
foi aqui que este can coube nos pedaços de memória.
Nos verdes anos, mesmo quando muitos dos que agora se ajeitam no conforto do banco centro direita, rasgavam ainda os caminhos da jovem e contestatária esquerda que na altura só encontrava porto seguro lá para os lados duma revolução que tinha acontecido em outubro, devorávamos escritas diferentes e aprendiamos o futuro numa quase bulimia vinda de anos de fome de liberdade.
Era na altura que aprendiamos vidas diferentes de lugares que eram os icones ventos de mudança e que coloriam os mais valiosos dos nossos ideais dum futuro desdesigual. foi aqui que vi esta antevisão.
Um pequeno artigo ganhava um concurso que promovia a inovação, originalidade e outros muitos eteceteras de um jovem português que ganhou merecidamente.
Sim, sonhou grande, na medida em que desejou e visionou para a jovem nação um estádio olímpico.
Era no estádio Agostinho Neto, disto lembro-me perfeitamente, que se iriam disputar os jogos olímpicos de... acho que 2000. Era o que ele perspectivava para a viragem do século ainda lá muito longe. E pintava o cenário do estádio olímpico que baptizou com o nome do líder histórico, com tons de esperança, batuques de festa e sentidos de vitórias e emoções.
Numa altura de mais de meio de setenta e em que por aqui ainda se saboreava a festa com cheiros de cravos rubros que Chico Buarque cantava do outro lado do mar, lá no espaço de sonho deste jovem vivia-se de novo um espaço vestido de escuro e triste que não deixava sequer vislumbrar uma luz, por mais ténue que fosse, ao fundo dos corredores de dor.
Mas foi aqui que ele pintou a sua utopia que me fez guardar o artigo da revista religiosamente durante um bom par de anos e lhe valeu um primeiro lugar no concurso.
O prémio era uma viagem dizia o concurso então promovido pela revista e que o levaria até ao coração das estepes. O meu foi a forte esperança de acreditar.

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