106769

foi um toque acidental. atendi, não sei como mas dei conta e só estava a vibrar à conta das muitas avarias que o zac fez.
a mana não tinha atendido o mano também parecia ter o móvel desligado... afinal sempre tinham forma de comunicar através de mim.
mas foi bom. do outro lado depois de então tudo bem e essas coisas, esperava-me uma boa surpresa. a seguir dum ainda te lembras?
hum, claro que sim. como não? era o 106769. gravei-o de tantas vezes ouvir chamar pelo altifalante do quartel...
caso único o "castanho" como o tenente trindade entretanto o apelidou. o mesmo tenente que o apadrinhou, lhe safou da teimosia em se "desenfiar", e gozar do prazer da liberdade fora do quartel que não era mesmo a sua praia.
a sua, era mesmo a verdadeira depois da noite em claro nas boites de luanda.
era o nosso herói que só conheceu o quartel dentro da prisão.
na formatura não cabia. messe só de oficiais merecida pelas baladas e poemas que compunha para oferecer às senhoras de visita.
chegava com a mala cheia de livros, e trazia-nos as estórias de caserna mas daquelas viradas do avesso, fora dos clichés. não ía à mata, então era de compor músicas e fazer poemas, darem-lhe um turra para ele fazer a guarda e ele acabar preso por comer com ele à mesa, estórias assim desiguais às dos outros tropas.
a viola debaixo do braço era a sua arma.
pujança de palanca de ateleta que o faziam ir do golfe aos coqueiros para o treino,em menos de nada, só com a ajuda daqueles quedes com pregos em baixo que eu conheci nessa altura.rimos, e trocamos lembranças, então e falou que tinha sido a mãe a ensinar-lhe a dançar o tango. e ficou espantado das coisas que ainda recordávamos. claro que eu não podia ter deixado de lembrar aquele caso que hoje ainda contamos aos filhos.
o amílcar como sempre pela tardinha ía-se desenfiar. saíu da caserna, e atravessa a parada num sprint que nem deu tempo ao sentinela para reagir. nesse entretanto já tinha tomado balanço e chegava ao cimo do muro do RIL antes do soldado lhe fincar na mira e dar-lhe ordem para recuar. aí ele não foi de modas virou-se, e empoleirado arreou as calças e bradou para o outro que lhe apontava a G3: o buraco já está feito podes atirar. foi neste flash que o soldado gelou de espanto e sem reacção lhe deu tempo suficiente para em menos de nada estar do outro lado a sacudir o pó da farda na direcção da praça de touros a balizar o calemba que rumava para os nossos lados.
mas depois havia ainda outra surpresa. era a prima alice.
ela também lá estava e há perto de trinta anos que não falávamos, a mãe da Guigui. a minha prima guigui. falámos de todos, dos presentes e já ausentes. lembrámos o tio que deu o nome ao nosso mano, com os seus suspensórios e a assobiar logo pela manhã, "ho lairia, ho lairia!", é assim que o recordamos...
perguntei por todos, ditinha, jójó e marilu. a prima em faro já reformada das análises. o primo pina perto, em portimão. prometi então desafiar-me e encurtar um dia destes a distância e rumar até aos algarves.

1 comentário:

AFRICA EM POESIA disse...

Minha amiga

O regressar a casa é felicidade.
Sentir o vosso apoio ainda melhor.
Começo a escrever devagar mas depressa vou estar a 100% tenho certeza


Para ti o meu carinho